quarta-feira, 9 de abril de 2008

A creche do Hugo

Vou-vos agora falar um pouco da creche do Hugo porque acho que é uma boa ilustração da sociedade neo zelandesa e da forma de viver e estar aqui neste país.

Os primeiros dias do Hugo na creche (já há umas semanas), foram passados connosco lá para que se pudesse habituar às pessoas e costumes com alguém que o ajudasse a ultrapassar a barreira da língua (tinha sido uma exigência da creche na altura da inscrição). As primeiras horas que lá passamos foram um "choque" para nós. A creche não tinha absolutamente nada a ver com a que ele anda no Porto. Atenção que nós gostamos da do Porto, mas depois destes tempos por aqui, começo a achar que o método que eles seguem aqui faz mais sentido para estas idades. A escola do Porto é fechada em todos os sentidos: desde não quererem muito os pais por lá para não pertubarem a "ordem" na escola e não distrairem os miúdos das actividades, até à "falta de liberdade" que eles gozam, no sentido que tudo é guiado pela professora, excepto obviamente os tempos de recreio.

Aqui o cenário é o oposto a escola é completamente aberta ao exterior e isso vê-se logo na arquitectura. É uma casita térrea (diria mais um barracão pelos nossos standards portugueses (terei que falar mais tarde sobre estes nossos standards!)), com grandes portas de correr, completamente aberta para o grande espaço exterior cheio de brinquedos e actividades para eles curtirem. Lá dentro está organizada em vários espaços: zona de pinturas e colagens e etc., e zona mais ampla para leituras, espetaculos, etc., para além de prateleiras individuais para os objectos deles e da casa de banho e cozinha. Cá fora é... a balda;-) areia, escorregas, baloiços, tartarugas, galinheiros com pintainhos e galinhas, e todo um conjunto de objectos que aos olhos de qualquer papá português seriam vistos como extremamente perigosos e não recomendáveis numa escola (tábuas avulsas, material de contrução, coisas velhas, etc.). O primeiro choque de uns papás portugueses como nós habituados ao "design" aprimorado da escola onde o Hugo anda em Portugal, é grande, pois pensamos: 'eh pá isto parece uma certa balda cheia de coisas velhas e com "mau" aspecto'... Mas o problema meus amigos é que aí em Portugal gostamos mais de olhar para a forma do que para o conteúdo: ele é grandes edifícios, grandes auto-estradas, grandes estádios, e por aí adiante. Aqui não há uma (SIM UMA) auto-estrada! Ainda não vi edifícios deslumbrantes, grandes construções e blá, blá! Mas as coisas funcionam, e contam-se pelos dedos de uma mão as pessoas com "aspecto" de pobres que vimos aqui. Não vejo grandes carrões, muitas pessoas andam descalças (!) na rua (na escola do Hugo andam quase todos descalços e Hugo também já adoptou a onda!), não vejo grandes modinhas de roupa, nem coisas do género. Mas as pessoas são simpáticas, parecem felizes, e são no geral muitos mais cultas, "vividas", e "viajadas" que o português médio. Imagino que seja uma questão de opções.... e nós lá sabemos o que fazemos, ou talvez não...

Enfim, de volta à escola. Deram-nos uma série de documentação para percebermos como funciona. A creche está dividida em vários destes blocos como o do Hugo (penso que são 4 ou 5). O dele chama-se pre-school e encorpora miudos dos 3 aos 5 anos. Só no bloco dele são 40 (no Porto na sala dele são 20), mas são cerca de 10 professoras mais algumas ajudantes (no Porto é uma professora mais 2 ajudantes). Ah, e o custo é quase metade da do Porto, claro. O dia do Hugo e dos amigos está organizado da seguinte forma (sim, porque afinal na balda também há organização ;-) ): até às 11h da manhã, fazem.... o que querem! Depois têm um período de arrumação da balda e vão para dentro para ouvir uma história ou outra actividade qualquer conjunta (por vezes analisam filmes que as professoras fazem deles a brincar, vêm fotos deles no computador, etc.). Depois almoçam: cada um por si, comem o que querem, as profs. só não querem uns a tirar a comida dos outros, de resto cada um que se safe. Depois há um período mais de descanço: os que dormem vão lá para dentro, outros estão com alguma professora a ler histórias, outros brincam. Depois, mais período livre em que mais uma vez fazem o que lhes apetecer até às 16 em que a escola fecha.

Perguntam vocês: e então o que aprendem?! Bom, o papel das professoras é estarem atentas às brincadeiras deles e tentarem aproveitá-las para introduzirem elementos de aprendizagem no meio. Ou seja elas estão em volta deles e sempre que podem vão dando sugestões que sejam mais úteis em termos de eles aprenderem algo, mas sempre com eles no "volante" ! Ou seja se não lhes interessar, ou se lhes apetecer ir fazer outra coisa qualquer : chau prof.! Um bocadinho diferente da escola do Porto ;-) ....

Enfim, a nossa ideia depois destas semanas, é que o método é excelente. O Hugo anda feliz da vida, tem feito montes de actividades diferentes que nunca tinha feito, a escola tem imenso material e objectos, para eles explorarem, enfim, muito fixe mesmo! O nosso único receio é pensar o que vai acontecer quando ele voltar para o Porto e tiver que voltar a encarar a rigidez daí, bem como a falta de espaço exterior e a diversidade de brinquedos, etc.... enfim, logo se verá ;-)

2 comentários:

Anónimo disse...

OLá Papás!!!
Finalmente (e depois do Tex me ter dito que havia blog) entro em contacto.
Fico contente por saber que está tudo a correr bem por aí.
Bjs Carla

Anónimo disse...

AINDA AGORA CHEGARAM E JÁ APARECE " O PIOR VAI SER QUANDO VOLTARMOS BLÁ BLÁ (como escreve o artista)ISSO DEVE SER MESMO O MAIS PRÓXIMO DO PARADISE MESMO SEM FALAR EM CAÇA QUE DEVE SER PROIBIDO.lobo do mar.